sábado, 15 de dezembro de 2007

ACONTECE HOJE, AGORA EM PORTUGAL


Dezenas de porcos estão a morrer à fome em duas suiniculturas abandonadas na zona de Alcácer do Sal, sem que as autoridades estatais tenham até ontem à tarde tomado qualquer medida para minorar o sofrimento dos animais, soube o JN.
Em causa estão duas explorações, uma delas ilegal, que pura e simplesmente foram abandonadas pelo proprietário, deixando os animais à sua sorte.
A situação é de tal forma dramática que muitos dos porcos já começaram a comer os que entretanto foram morrendo, única forma de conseguir algum alimento e minorar a fome.
Mas não obstante o caso ser do conhecimento das autoridades nem é dado destino aos animais nem lhes é fornecido alimento, no meio da confusão entretanto gerada entre a autarquia e o Ministério da Agricultura.
O Ministério, confrontado pelo JN pela aparente falta de decisão, garantiu oficialmente que os porcos "vão ser todos abatidos" estando já o processo a decorrer, uma versão contrariada pela Câmara de Alcácer do Sal.
Com efeito, o presidente da edilidade, Pedro Nunes, adiantou ao JN, "desconhecer" o abate dos animais e adiantou ter já enviado um ofício à Direcção-Geral de Veterinária, a exigir o "encerramento" imediato da exploração.
O caso foi oficialmente despoletado quando no dia 8 um popular da localidade do Torrão denunciou o caso à GNR, que endereçou o processo para o SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza), daquela força militar de segurança.
Foi feito um relatório policial e elaborado um auto de notícia para o Ministério Público, ao mesmo tempo que era dado conhecimento do facto à autarquia, que movimentou os serviços veterinários, cujos serviços constataram a informação prestada pela GNR.
Em causa está não apenas a situação dos animais, mas a própria saúde pública, uma vez que a estação de tratamento que servia a suinicultura legal deixou de funcionar, face ao abandono, enquanto a ilegal nem sequer tem qualquer infra-estrutura exigida por lei.
À volta das pocilgas vão-se amontoando os cadáveres dos animais, e a autarquia prometeu que a remoção vai começar segunda-feira, "logo de manhã", não sabendo ainda se vão ser enterrados ou recolhidos por uma empresa da especialidade, uma responsabilidade que irá caber à Direcção-Geral de Veterinária, do Ministério da Agricultura.
E enquanto não há decisão, os animais vão morrendo a pouco e pouco.
Há os que têm a sorte de ter conseguido fugir das explorações e deambulam pela beira da estrada, tornando-se um risco para a própria segurança rodoviária.
Mas há também aqueles, como as porcas parideiras, que estão encerradas em baias.
"Só se ouve os animais a guinchar, cheios de fome, e ninguém lhes vale.
Nem os cadáveres dos outros podem comer", apontou um popular ao JN.
O Ministério prometeu, no entanto, que o proprietário terá que responder por todas as infracções cometidas.

4 comentários:

SILÊNCIO CULPADO disse...

Tens no Silêncio um selo de Blogue de Elite destinado ao Sol Poente.
Um abraço não elitista

MIMO-TE disse...

Olá!

Estou em dívida contigo, há muito que deveria ter vindo agradecer a tua visita e comentário ao meu blog. Não ficou esquecido e aqui estou.:) Vim conhecer-te e deparo-me logo com algo que infelizmente denuncia os valores de quem cria estes animais(suinicultores), de quem fiscaliza e de quem tem obrigação de zelar pela saude publica. Infelizmente é assim. Quem cria, não tem o menor respeito pelos animais nem pelo consumidor final. Interessa só o lucro. Realizar dinheiro no mais curto espaço de tempo, com alimento barato, de baixa qualidade e administrando tudo o que aumente o peso ou a capacidade reprodutiva dos animais. É triste, mas é assim. Quem consome esta carne não tem conhecimento porque não é divulgado, que está cheia de antibioticos e outros produtos desnecessarios, mas que evitam a normal mortalidade dos animais nos primeiros meses de vida e obviamente aumenta o lucro.
Se são obrigados a fazer investimento por questões ambientais, como só se pensa no lucro a curto prazo, abandona-se os animais, sem se pensar se sofrem, se podiam servir para alimentar quem tem fome ou se vão prejudicar com a sua morte a saude publica. Esta é a mentalidade, mas quem devia fazer algo para a mudar, o que faz? Cala-se!!!

Ainda bem que partilhas este tema que dá muito que pensar. Olha eu não como carne à muito tempo, porque na verdade já não há carne para comer.

Miminhos meus e volto :)

Sérgio Pontes disse...

Estamos infelizmente numa merda de pais, onde podemos fazer tudo o que nos apetece, porque consequências, isso é coisa que é só para alguns.

Resto de bom domingo

Safira disse...

Diz-me como tratas os teus animais, dir-te-ei quem és...
É inconcebível. Contudo, se alguém lá for soltar os animais, certamente será perseguido por invasão de propriedade e, com alguma 'sorte', ainda terá de indemnizar o sacana porque 'ai jesus' que me foram roubar os porcos!
Recordo-me há uns anos, uma reportagem de um telejornal uma situação muito semelhante, mas com uns quatro ou cinco cães fechados numa varanda, sem comida, sem água. E ninguém fez nada. Um dos pobres morreu e os outros também se alimentaram do cadáver. Não sei como acabou a história, mas desconfio que muito mal. Nem sei se existe algum tipo de punição para estas negligências.
Assisti a um caso horrível há dois verões, na praia do meco: quando regressava a casa ouvi um cão a ladrar, mas com o ladrar aflito dos animais que estão mesmo em desespero. Atravessei e fui tentar espreitar por cima do muro de uma espécie de casa, lúgubre, por sinal, e então o que é que eu vi: um husky, magro, sujo, preso com uma corda, sem água, sem comida, às voltas sob o sol tórrido (não havia uma sombra!!!!). Peguei na minha garrafa de água, empoleirei-me como pude no muro e lá estive a tentar acertar-lhe na boca com o jacto. O pobre bicho bebeu mais de meio litro. Fui 'apanhada' por uma senhora que explora o parque de estacionamento em frente e ela disse-me 'ai menina, é uma miséria... o que fazem ao cãozinho, coitadinho. Eu é que lhe tenho deitado água e algum comer, que o dono não quer saber deixa-o estar aí dias a fio'. Olhei uma última vez e vim-me embora a chorar...epá, não concebo isto, não concebo. Como é possível????